Pela primeira vez desde que o PNLD existe, os pareceres que reprovaram livros didáticos foram publicados!
Esta notícia, que um jornalista famoso publicou no dia de ontem, tem nada menos do que quatorze anos de atraso. Sim, porque em 1996, os pareceres que excluíram os livros didáticos do PNLD 1997 foram publicados NA INTERNET, no site da Escola do Futuro da USP, na área do Grupo de Ensino de Ciências Via Telemática. A notícia, a bem dizer a verdade, apareceu no Jornal Nacional, em novembro daquele ano. Foram os primeiros documentos oficiais do MEC a irem para a internet!
Em junho daquele mesmo ano a revista Ciência Hoje, publicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, trazia um detalhado relato do trabalho de avaliação realizado com os livros de Ciências. A avaliação continuou e, em Abril de 2000, novo artigo aparecia na mesma revista, desta vez mostrando as justificativas para exclusão dos liros dos anos finais do ensino fundamental, mas o artigo, que trazia exemplos e revelações impoertantes, não interessou os jornalistas de plantão. Que pena!
Quem quiser ver este artigo, pode aproveitar pois ele ainda está na internet, no mesmo lugar onde estavam os pareceres do MEC:
www.darwin.futuro.usp.br/site/doprofessor/livrodidatico.pdf
Se o ofício de jornalista fosse um pouco mais trabalhoso, demandaria revisar pelo menos matérias congêneres anteriormente publicadas. No Observatório da Imprensa acharia uma matéria que explicava a razão de os primeiros pareceres de avaliação dos livros didáticos terem sido removidos da internet, onde permaneceram por diversos anos. Para economizar alguns segundos de pesquisa, aqui vai o URL comentando uma crítica que já era velha em 2004:
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=292OFC001
De qualquer forma, não precisaria recuar além de março de 2004, pesquisando o próprio jornal. Encontraria um estranho artigo, sem assinatura, criticando a avaliação de livros didáticos do MEC e reproduzindo declarações de uma dirigente do MEC que já não constava dos quadros da instituição havia alguns meses! Quase ao mesmo tempo, na mesma pauliceia, um grupo de pessoas se jactava de ter conseguido a publicação daquele artigo, classificado como "isento" (do que, imposto de renda?) e de espaço muito destacado no painel do leitor do domingo seguinte, onde uma filha de autora de livro didático excluído falava mal de um avaliador (adivinhe quem...), uma clara evidência de que a patuléia tem mesmo que tomar cuidado, não apenas com os livros didáticos, mas também com certos jornais . Não é comum ouvir que uma família brinca de dona de jornal por uma semana... Taxar de educatecas um enorme grupo de pessoas, reconhecidas como educadores, é fácil e pode até soar divertido, mas não dá para esconder a curvatura ao poder econômico e à conveniência política.
Que existe muito o que aprender, não há dúvida. Mas não será apresentando a verdade como uma mistificação que alguém irá ensinar algo para a patuléia. Como dizia Câmara Cascudo, para produzir trabalho intelectual digno do nome é preciso acordar cedo e dar-se ao trabalho de conhecer melhor o que se pretende ver além dos outros. De outra forma, ao dormir sobre os livros, fará do sapo bailarina.
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Bom Dia Sr. Nélio Bizzo.
ResponderExcluirDesculpe postar em um comentário sobre algo completamente diferente do tópico, mas é que não encontrei seu e-mail no perfil para conversar.
O que eu gostaria de saber é que há criacionistas que estão usando uma frase sua para dizer que a Teoria da Evolução de Charles Darwin apoiava o nazismo.
A frase é a seguinte: “A aplicação de sua teoria ao homem, ou, mais propriamente, e extensão ao organismo humano dos valores burgueses de propriedade privada e acumulação, resultou no que se chamou eugenia. O melhoramento da raça através de recomendações da eugenia eram os ideais do nazismo. O Estado Nazista não era portanto nada mais do que um Estado capitalista onde a melhoria do corpo dos cidadãos fazia parte da estratégia global de aumento do produtividade.
Hitler garantia procriação aos cidadãos alemães e possuíssem cabelos loiros, boa estrutura, queixo bem formado, nariz fino a arrebitado, olhos claros e profundos e pele rosado. Os homens selecionados poderiam ingressar na tropa de elite, a SS, e poderiam ter o número de filhos que desejassem, sem precisar casar. O Estado cuidaria de criar e educar tais crianças, segundo os ideais do nazismo.
A trajetória do nazismo é bem conhecida. As Câmaras de gás e os seis milhões de assassinatos, também...”
Gostaria de saber se a frase é mesmo sua e caso positivo em que contexto ela foi dita.
É dito que essa frase foi escrita no seu livro “O que é Darwinismo”, mas esse livro não consta no seu currículo lattes.
Poderia me explicar melhor o que aconteceu?
Obrigado pela atenção.
Cristiano.