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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

ENEM 2015 Questões de Biologia comentadas (para professores)


A prova do ENEM 2015 teve 7,7 milhões de inscritos, sendo que 25,5% deles não compareceram às provas. Houve queixas dos candidatos sobre as questões de Matemática ("nível de FUVEST", foi o comentário geral), Química e Física, que exigiram conhecimento muito além da simples compreensão do texto inicial, inclusive fórmulas.

A prova de Biologia do ENEM 2015 pode ser considerada fácil, mesmo se trouxe uma distribuição de temas diferente da dos exames anteriores, na qual predominavam os temas ambientais e de ecologia. Nesta edição, os temas de citologia e biologia molecular foram mais exigidos do que em anos anteriores, mas não se pode ainda saber se isso significa de fato uma nova tendência.

A seguir um exemplo de questão que aborda um tema de Biologia Molecular, com comentário para professores, o que não é fácil encontrar na internet. Os sites de cursinhos se voltam para os alunos e os comentários são, como regra, muito superficiais.
Exemplo de questão do ENEM 2015, que versa sobre Biologia Molecular.

A prova de Biologia teve 15 questões, e outras questões comentadas podem ser encontradas no meu site para professores: www.neliobizzo.pro.br


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Contra o retrocesso na educação

Manifesto da ANPUU-RJ, que subscrevo sem reservas:

Tramitam, em diferentes Câmaras de Vereadores e Assembleias Legislativas pelo Brasil, propostas de lei que instituem, no âmbito dos sistemas municipais e estaduais de ensino, o “Programa Escola Sem PartidoTramita também na Câmara das Deputados a proposta de lei 867 de 2015 que inclui, entre as diretrizes e bases da educação nacional, o "Programa Escola sem Partido". Tal “programa” foi criado pela organização homônima e constitui um ataque direto a qualquer projeto de educação emancipadora e crítica, mesmo porque a organização em questão defende que os professores não são educadores.
No site do Escola Sem Partido, é indicado para leitura o livro Professor não é educador”, de autoridade Armindo Moreira, que serve de embasamento teórico para as suas propostas. Esse livro propõe uma dissociação entre os atos de educar e instruir, defendendo que a escolas e professores não devem educar, apenas instruir. Nos opomos veementemente à dissociação entre os dois atos, uma vez que ela vai totalmente contra o fundamento do projeto educativo que defendemos.
No mesmo site, encontra-se disponível a cartilha intitulada Flagrando o Doutrinador, que expõe a tônica da proposta desta organização: apresentar os professores que investem em um processo educativo que dialoga com a realidade do aluno como criminosos que devem ser denunciados. Essa cartilha traz uma lista de características que deveriam ser buscadas na atividade docente para fazer as denúncias contra os professores. A primeira delas diz o seguinte:
“Você pode estar sendo vítima de doutrinação ideológica quando seu professor se desvia frequentemente da matéria objeto da disciplina para assuntos relacionados ao noticiário político ou internacional”.
Outra dissociação que combatemos veementemente: a oposição entre a “matéria objeto da disciplina”e os “assuntos relacionados ao noticiário”. O Escola Sem Partido assume uma concepção de “educação” na qual os alunos constituem uma “audiência cativa” aprisionada em uma sala de aula, isolada da realidade do mundo que a circunda, na qual é objeto da maquinação maquiavélica de doutrinadores meticulosos. Isso é um absurdo! A educação não pode ser dissociada da instrução! A realidade dos alunos, os fatos que estão acontecendo no mundo e são relatadas nos noticiários, são a matéria do diálogo aberto que existe dentro da sala de aula, diálogo este no qual alunos e professores trazem as suas experiências cotidianas e seus saberes para constituírem JUNTOS o conhecimento escolar.
E qual é a solução para o problema criado pela própria visão deturpada do processo educativo do Escola Sem Partido? O “Programa Escola Sem Partido”, que estas propostas absurdas querem incluir na própria lei de diretrizes e bases da educação e instituir nos sistemas de ensino no Brasil inteiro! E qual é a grande proposta prática deste programa? Uma lista com os “Deveres do Professor”, com 70 centímetros de altura por 50 centímetros de largura a ser afixada em todas as salas de aula do Brasil. Existem coisas tão mais urgentes a serem exibidas nas paredes de nossas escolas! Por que não fixar o valor dos recursos nacionais que deveriam ser dedicados anualmente para educação em oposição aos efetivamente recebidos? Por que não descrever para os alunos as condições básicas de infraestrutura que deveriam estar presentes em todas as escolas do Brasil? Por que não os informar que uma educação pública, gratuita e de qualidade é direito de todos?
Eis um dos tais deveres do professor”: o professor não deve estimular seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas. Agir em concerto com outros no espaço público é parte essencial da vida em um regime democrático. A aprovação dessa proposta – seja em âmbito municipal, estadual ou federal – constitui uma afronta a um projeto de educação que forme os alunos para a atuação em uma democracia, na qual as manifestações são condição para a vida política.
As organizações, associações e instituições subscritas abaixo, por conta do exposto nesta carta, repudiam veementemente todas as propostas de lei que visam instituir o “Projeto Escola Sem Partido”.
GT Ensino de História e Educação – ANPUH-RJ
Qualquer outra organização, associação ou instituição que deseje assinar esta carta de repúdio deve enviar um e-mail para
gtensinodehistoriaanpuhrj@gmail.com 

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Dinamarca: marcha à ré na política e na ciência


O novo Ministro de Educação Superior e Ciência (Uddannelses- og forskningsminister), Esben Lunde Larsen, é um jovem político do Partido Liberal e teólogo, tem um longo histórico de defesa do criacionismo. Mesmo se não pode ser definido como um "criacionista da Terra Jovem", ou seja, não defende a versão fundamentalista da leitura literal do Genesis, não deixa de soar algo como um retrocesso, mesmo num contexto de uma Europa na qual os políticos que combatem as conquistas sociais e que pregam a xenofobia e o racismo ganham cada vez mais espaço.

Em 2014, em um debate político, Esben Lunde Larsen afirmou que deixaria de utilizar o termo politicamente correto para designar afrodescendentes ("sort" em dinamarquês), e voltaria a utilizar o termo, com conotação depreciativa, "negro" ("neger" em dinamarquês).

Ao contrário do que muitos pensam, nenhum país escandinavo é constitucionalmente laico, havendo concordatas com a Igreja Luterana. A declaração recente do ministro, indicado com o Gabinete em 28 de junho, deixa clara sua posição: "Creio que Deus está por trás de tudo, mas como Ele realizou Sua obra é algo que eu não posso saber. Eu não estudo as ciências da natureza, portanto não posso explicar se moléculas se juntaram para formar macacos, que teriam subsequentemente se transformado em humanos.". Pela declaração, vê-se que ele é algo como um "agnóstico às avessas", o que preocupa particularmente por ser responsável por um ministério que reúne Ciência e Educação. Possui publicações que exortam o nacionalismo dinamarquês. Realmente há algo de podre no reino da Dinamarca... 

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Base Nacional Comum: panaceia de todos os males da educação?

Durante a reunião anual da SBPC uma sessão especial  especial discutiu a Base Nacional Comum. Ela foi assim composta:

Sessão Especial
A BASE NACIONAL CURRICULAR
Coordenador: Ildeu de Castro Moreira (UFRJ)
Palestrantes: Nelio Marco Vincenzo Bizzo (USP), Mozart Neves Ramos (Inst. Ayrton Senna), José Francisco Soares (INEP), César Callegari (CNE) e José Fernandes de Lima (UFS)
TERÇA- FEIRA DIA 14/7 - 18h00 às 20h00
Teatro Florestan Fernandes
Minha apresentação pode ser acessada pelo seguinte link:

 Abaixo, cenas do evento.




terça-feira, 24 de março de 2015

Origem das Espécies - Edição de Luxo -

                       - ENTREVISTA PARA O BLOG DA EDITORA MARTIM CLARET - 

A nova tradução de Origem das Espécies em edição de luxo realizada pela editora Martin Claret merece todo aplauso, tendo em vista a importância da iniciativa para a cultura científica brasileira. A tradução é de Carlos Duarte e Anna Duarte, com consultoria científica de Adriana Deslandes e consultoria de ilustrações de Sérgio Roberto Campos.

Tive o privilégio de receber um convite da editora para escrever o prefácio desta nova edição, o que me emocionou muito. Fico contente em saber que a edição está sendo um sucesso de vendas e espero que minha modesta contribuição possa ajudar o leitor a entender um pouco melhor essa obra de suma importância, não apenas para um público especializado, mas para o cidadão comum que reflete sobre sua existência. Para quem se pergunta algo do tipo "como viemos parar aqui?" o livro traz dicas importantes e sempre atuais.

Esperamos que a editora Martin Claret cuide dessa preciosa edição como o próprio Charles Darwin o fez ao longo de sua vida, cuidadosamente aprimorando o texto a cada nova edição. Afinal, o leitor brasileiro recebe a tradução da sexta edição da obra original inglesa, a última realizada pelo autor em vida. A seguir, a íntegra da entrevista para o blog da Editora:


 Professor, depois de tantas revelações no ramo da Biologia e Ciências Naturais para muitos Darwin está ultrapassado em suas teorias e por isso não seria muito pertinente lê-lo, então, por que ainda editar A origem das Espécies?

Na verdade, Darwin está tão ultrapassado como quem dizia que a Terra é redonda. Hoje sabemos que a Terra não é uma esfera perfeita, da mesma forma como sabemos que as ideias de Darwin não eram exatas. Mas, digamos, a Terra continua redonda em linhas gerais, da mesma forma que Darwin, em linhas gerais, chegou mais perto do que qualquer outro de seu tempo de uma explicação científica para a origem das espécies.


# Ainda hoje se busca descobrir sobre a evolução das espécies com tanta maestria como foi com Darwin? Como é feito isso? Se é que se pode falar de maneira tão geral...
Continuamos com uma série de dúvidas ainda hoje, mas, digamos, muita coisa foi descoberta. Mas, quanto mais se descobre, mais há a descobrir.


# Nélio, o que achou da novidade da Editora Martin Claret lançar uma edição de luxo de Origem das Espécies, que temos o prazer de ter seu prefácio?

Fiquei muito contente com a iniciativa, mesmo se eu não tenha feito a revisão técnica da tradução. Mas acho que a apresentação é, de fato, luxuosa, à altura da importância da obra para a humanidade.